terça-feira, 26 de agosto de 2008

Paulo Frischknecht satisfeito pelos recordes


Os responsáveis da Federação Portuguesa de Natação (FPN) saem "satisfeitos" de Pequim2008, porque foram conseguidos cinco recordes nacionais e duas classificações entre os 20 primeiros "nos Jogos Olímpicos mais competitivos de sempre".

O presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), Paulo Frischknecht, admitiu, porém, que é necessário "acertar o passo" com as potências internacionais, que falta "uma bandeira" à modalidade, como foi Alexandre Yokoshi na década de 1980, e que Tiago Venâncio "deve reflectir" sobre as suas opções.

Em conferência de imprensa realizada na Aldeia Olímpica, o ex-nadador olímpico frisou que os portugueses apresentaram-se em Pequim "no seu melhor momento de forma", sendo Tiago Venâncio a única excepção entre os oito que nadaram no "Cubo de Água".

"Por sinal foi o único que não cumpriu o plano da Federação Portuguesa de Natação", disse, adiantando, porém, que a situação do setubalense é "perfeitamente tranquila" para a FPN e "decorre das opções do nadador, da sua família e do seu treinador".

Sublinhando que há quatro anos liderava o 'ranking' mundial de juniores "e batia-se de igual para igual com o brasileiro que em Pequim foi campeão olímpico dos 50 metros livres", César Cielo Filho, Paulo Frischknecht considerou que Tiago Venâncio "deve reflectir" sobre o facto de só ter sido 35º nos 200 metros livres e 45º nos 100.

Paulo Frischknecht recordou que em 2005 Tiago Venâncio "mudou de clube e de treinador" e em 2007 fez um Mundial "muito bom", mas depois "ele, a família e o treinador entenderam que conseguiu esses resultados apesar da federação".

"Desde aí ficou livre de compromissos com a federação e passou a preparar-se de forma individual. Foi o único atleta que não se apresentou em forma e um nadador a quem ele ganhava regularmente há quatro anos foi campeão olímpico. Deve reflectir sobre isso", afirmou.

Frischknecht recorreu à "linguagem futebolística" para justificar a afirmação de que saía satisfeito de Pequim: "Tivemos dois atletas que foram reservas para as meias-finais. Tivemos duas bolas no poste e a expectativa em relação a uma delas era de que podia entrar na final".

O presidente da FPN referia-se ao 19º posto de Sara Oliveira nos 200 metros mariposa e, principalmente, ao 18º de Diogo Carvalho nos 200 estilos e frisou que esta foi a melhor presença olímpica da natação nacional em 20 anos, nos quais raramente alcançou lugares acima do 30º posto."

A subida em relação aos últimos 20 anos tem a ver com um maior investimento na participação da natação portuguesa", afirmou, agradecendo o apoio do Comité Olímpico, do Estado português e das autoridades de Macau, onde os nadadores portugueses têm realizado estágios.

Segundo Paulo Frischknecht, a natação deu um "salto qualitativo" nos últimos tempos: "Estamos na terceira era. Há o antes de Mark Spitz, o depois de Spitz e dos Jogos Munique1972 e agora a notoriedade que ganhou neste Jogos Olímpicos com Michael Phelps".

O presidente assistiu no dia 17 de Agosto aos 4x100 metros estilos em que o norte-americano se tornou o desportista com mais medalhas de ouro conquistadas numa única edição dos Jogos Olímpicos, ao garantir o seu oitavo título em Pequim2008.

"A piscina virou uma confusão", notou, recordando que, além do feito histórico de Phelps, em Pequim2008 foram batidos "70 recordes do Mundo, 40 recordes olímpicos, 80 recordes continentais e mais de 1.000 recordes nacionais".

Quando questionado sobre se considerava que, apesar dos cinco recordes nacionais, Pequim2008 tinha agravado o fosso existente entre Portugal e as principais potências, o presidente da FPN recordou que nas provas de natação pura participaram 174 dos 205 países representados nos Jogos."Julgo que isso aconteceu com quase todas as 174 nações que participaram na natação", disse, lembrando que os mínimos são fixados pela Federação Internacional, mas a FPN e o Comité Olímpico de Portugal "ainda subiram a fasquia".

Paulo Frischknecht recordou que alguns portugueses que estabeleceram recordes nacionais em Pequim e outros que não o conseguiram, como Diogo Carvalho, "seriam finalistas em 2004", nos Jogos de Atenas. "A natação evoluiu muito e muitos dos medalhados de Atenas não seriam finalistas aqui".

Apesar de admitir a necessidade de "acertar o passo" com o que se passa a nível internacional, alertou que não se deve "esquecer qual é a posição da natação portuguesa relativamente às grandes potências, que também são os maiores países do Mundo".

Comentando o facto de vários nadadores portugueses terem optado por estudar nos Estados Unidos, por aí terem mais oportunidades para evoluir em termos desportivos, Paulo Frischknecht afirmou que essa era "uma opção individual", mas que "a federação apoia".

O presidente da FPN reconheceu que "os Estados Unidos são um país único" no que diz respeito às condições oferecidas aos atletas de alta competição, mas aconselhou a verificar bem se a universidade escolhida é a certa."

Portugal e outros 203 países procuram os Estados Unidos como opção académica, desportiva e de vida. E isso acontece porque os Estados Unidos são um país único", disse o líder federativo, recordando que ele próprio também viveu uma experiência idêntica enquanto nadador.

Segundo Paulo Frischknecht, a FPN estará "na segunda linha a torcer para que tudo corra bem" e para que Portugal possa recolher os frutos dos "ensinamentos e condições de que os atletas podem beneficiar, como aconteceu com o Brasil no sábado, com a sua primeira medalha de ouro".


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