terça-feira, 26 de agosto de 2008

Em sete dias Michael Phelps conquistou a Terra


A Bíblia diz que Deus demorou seis dias para criar a Terra. Em sete, o nadador norte-americano Michael Phelps conquistou-a. Tal como Deus, Phelps também descansará um dia depois, observando a sua obra. No final da sua participação na China, o nadador é agora o maior vencedor numa só edição das Olimpíadas, com oito medalhas de ouro no peito. Uma semana depois de ter comemorado a sua primeira vitória nas em Pequim, Phelps apenas precisou de esperar 3min29s34 para realizar o feito que ele mesmo se propôs.

No encerramento das provas de natação, Aaron Peirsol (costas), Brendan Hansen (bruços), Michael Phelps (mariposa) e Jason Lesak (livres) quebraram a marca mundial da prova, seguidos pelos australianos e pelos japoneses.

Com a vitória nos 4x100E no final da noite do sábado 17, o maior medalhado de sempre da história dos Jogos Olímpicos superou o seu compatriota Mark Spitz, que havia tido sete vitórias nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972.

A caminhada de Phelps em direção ao novo recorde começou no dia 9 deste mês, quando, para além de ter vencido os 400E, bateu também o recorde mundial da prova – tudo sob os olhares atentos do presidente norte-americano George W. Bush, que empunhou uma bandeirinha do seu país para gritar e vibrar com Phelps.

Depois de abrir com chave de ouro a sua tarefa, Phelps venceu em Pequim também os 100m e 200m mariposa, os 200m livres, os 200m estilos, os 4x200m livres e os 4x100m livres, e os 4x100m estilos.
Dessas provas, em duas ele esteve perto de ver o seu sonho ir por água abaixo. Primeiro, nos 4x100 livres, quando abriu a prova e a entregou em segundo lugar atrás da Austrália, vendo depois a equipa francesa chegar-se à frente e liderar até aos momentos finais.
Principal estrela dos EUA, Phelps teve que mostrar uma humildade franciscana ao torcer para que seus companheiros fizessem um tempo melhor que o seu. E foi justamente o que Jason Lezak fez, tornando-se o seu apóstolo na missão homérica de superar Spitz.

Com uma incrível ultrapassagem nas últimas braçadas, a equipa dos Estados Unidos garantiu a vitória e bateu o recorde mundial com o tempo de 3m08s24, incríveis 3s99 abaixo da antiga marca, conquistada na véspera pelos próprios EUA, com a equipe reserva – diga-se: sem Phelps. O segundo susto ficou por conta dos 100M, considerada a sua pior prova das que ele nadaria em Pequim. Com uma primeira parte da prova lenta, Phelps virou em sétimo no fim dos primeiros 50m, mas recuperou e superou Cavic na última braçada, numa chegada controversa que chegou a gerar até uma reclamação oficial da Federação Sérvia.


O maior atleta olímpico de todos os tempos
Com 14 ouros em três Jogos Olímpicos - Sydney, Atenas e Pequim - Phelps supera as nove medalhas douradas conquistadas por Carl Lewis (atletismo, em quatro Olimpíadas), Mark Spitz (natação, em duas Olimpíadas), Paavo Nurmi (atletismo, em três Olimpíadas) e Larissa Latynina (ginástica artística, em três Olimpíadas).
Em Atenas, em 2004, Phelps garantiu seis ouros (100M e 200M, 200E e 400E e nas estafetas 4x100E e 4x200L)
Superado na noite do dia 17, Mark Spitz conversou com Phelps quando este o igualou, na noite do dia 16 e, ao contrário do que se poderia se supor, fez uma verdadeira ode ao novo Deus das piscinas.
“És um exemplo para milhões de pessoas no mundo, principalmente para os jovens. Talvez sejas o maior atleta de todos os tempos, e já és o maior velocista que já passou pelo planeta", reverenciou Spitz, sem economizar nos superlativos ao descrever aquele que fez do Cubo d’Água o seu céu.


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