quinta-feira, 18 de março de 2010

Duarte Mourão em entrevista


É com orgulho que Duarte Mourão afirma que, depois de Diogo Carvalho, é ele que, em Portugal, detém o melhor ranking internacional em piscina curta, em virtude de ser o 13.º mais rápido europeu e 24.º mundial nos 200 m mariposa com 1.53,56 m. «Melhor só mesmo o Diogo», salienta o internacional do Natação da Amadora.
Quer isso dizer que, em Dezembro, deveria ter estado no Europeu de piscina curta em Istambul, provocámos? «Sem dúvida», diz de imediato. «Na semana antes, nos Nacionais de piscina curta, fiz um tempo que teria dado acesso à meia-final na Turquia. Na semana a seguir, no Nacional de clubes, melhorei. A marca permitir-me-ia estar na final do Euro. Acho que se estivesse em Istambul teria tido condições de lutar pela meia ou até pela final. Até porque num campeonato da Europa a motivação é ainda maior.»

Oliveira, o melhor português
Porém, Istambul ficou para trás. Por isso quisemos saber quais as próximas metas. «Agora os objectivos são o Europeu de piscina longa, em Budapeste, no Verão, e ainda terei de qualificar-me. Lá está, se tivesse realizado na Turquia os tempos que fiz nos Nacionais, estaria pré-convocado. Como foi em Portugal não estou, o que é um pouco injusto. Agora terei de fazer os mínimos para os 200 mariposa em piscina longa, o que conto alcançar o mais depressa possível: nos Nacionais de Coimbra em Abril ou, caso seja convocado para a Selecção, a seguir, no Open de França. E não excluo conseguir também mínimos nos 200 estilos», refere, afastando, no entanto, a hipótese de tentar nos 400 estilos.
Como vê então as grandes prestações de Diogo Carvalho, aquele que será o maior rival? Quisemos ainda saber se considera que o homem do Galitos de Aveiro se tornou numa motivação para outros irem mais longe? «É um adversário forte... sem dúvida o mais completo e que mais provas nada. Mas aquele que acho ser o melhor português é o Pedro Oliveira. Foi quem no Mundial de Roma e nos Jogos de Pequim conseguiu melhores resultados. Quanto à motivação... vou tentar entrar na luta. Em piscina curta fiquei a 18 centésimos do recorde do Diogo nos 200 mariposa. Na de 50 metros estou mais longe mas não baixei os braços e esta época, que tenho mais tempo disponível para me dedicar à natação, tentarei aproximar-me dele.»
Espicaçámos, uma vez mais, o homem da Amadora, questionando-o sobre como responde aos que dizem que as marcas que consegue em piscina curta são muito melhores do que em longa. «E é verdade», diz sem problemas. «Mas também o é o facto de ter sido semifinalista no Europeu absoluto de Madrid-04. Logo não significa que não vá mais longe. Talvez tenha sido algo complicado conciliar as aulas na faculdade com os treinos, coisa que este ano não vai acontecer», afiança, por ter de fazer apenas uma disciplina para concluir o 4.º ano de medicina dentária. «Neste momento estou um pouco expectante com os tempos que farei sem fatos de borracha. Não é que tenha nadado muito com eles devido às lesões que sofri na temporada passada, mas tenho alguma esperança de melhorar as marcas, até porque nunca fiz os 200 mariposa em piscina de 50 m com fato».

Temporada acidentada
A temporada de 2008/09 não foi fácil para Duarte Mourão. «Tive alguns percalços. Caí de uma varanda e sofri traumatismo craniano e uma fractura no cotovelo que ainda hoje me limita, sobretudo em treino. Depois tive um acidente de moto no início da época de Verão que me impediu de treinar quase um mês. Se continuo a competir foi graças ao apoio do dr. João Beckert e do fisioterapeuta Paulo Felix do CAR do Jamor que me recuperaram o cotovelo», diz agradecido.
A temporada passada foi igualmente de realização do sonho de estar um semestre nos Estados Unidos e, ao lado do olímpico Fernando Costa, ajudar a Wayne State University a chegar ao segundo lugar nos Nacionais da II Divisão da NCAA. «Ainda que tenha sido uma faculdade da II Divisão é uma das melhores e foi experiência única», garante. «Ir para outro país terminar o curso e nadar é algo que gostava muito de fazer caso encontrasse clube em que me fosse possível conciliar melhor o treino com as aulas. Mas neste momento parece-me complicado.»

Satisfeito no Natação da Amadora
Ganhou pela terceira vez o Nacional de clubes e viu o Algés, anterior clube, descer de divisão. Na época passada, Duarte Mourão protagonizou a grande transferência da temporada, ao sair do Algés e Dafundo para o Natação da Amadora. Uma aposta certa? «Sim, sim, sim», diz repetidamente. «Até os resultados o demonstram. Este ano melhorei cerca de três segundos nos 200 mariposa e voltei a ser campeão nacional de clubes, que é uma das competições que mais gosto e na qual mais me divirto. Estou satisfeito porque sei que, neste momento, não conseguiria ter nenhum clube com um grupo de trabalho e uma equipa tão boa como a que existe na Amadora, a qual é constituída por um lote de nadadores um pouco mais velhos e com maior experiência», acrescenta.
Curiosamente, em Dezembro, ao mesmo tempo que Duarte celebrava a conquista do Nacional de clubes na Piscina de Odivelas, os algesinos terminavam em último e desciam de divisão. Custou ver isso? «Estive três anos no Algés nos quais, colectivamente, ganhei dois Nacionais e noutro ficámos em segundo a uns míseros pontos do vencedor. Por isso tenho sempre pena que um clube tão grande, com uma enorme história e que nos habituámos a ver lutar pelo título, perca todos os atletas e desça à II Divisão nos masculinos e III nos femininos. Claro que custou um bocado. Já havia sucedido o mesmo quando saí do Gesloures.»

Texto Jornal A Bola (http://www.abola.pt/).

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