sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Alexis Santos: “Já sonho com uma medalha”


Nadador do Sporting quer lugar no pódio no Campeonato Europeu de juniores. Bater os recordes de Nuno Laurentino em costas. Vive para a natação. Considera que pode melhorar em todos os aspectos. Ambiciona ser igual ou melhor que Diogo Carvalho. Começou a carreira no Benfica. Nada desde os três anos. Quer ir aos Jogos Olímpicos

A ligação que o Alexis Santos tem com a modalidade vem desde há vários anos. Como, onde e quando nasceu para a natação?
— Comecei a nadar com três anos, a conselho do médico e os meus pais também queriam que eu aprendesse a nadar. Ia para a natação com as minhas duas irmãs e os três gostávamos muito. Comecei no Benfica, na piscina antiga do clube.
— Como se deu a mudança para o Sporting?
— Quando tinha dez anos e estava no escalão de cadete, o Benfica estava a atravessar uma mudança. O clube não tinha piscina própria, e tínhamos de treinar em vários locais. Fase confusa e houve nadadores que desistiram e outros que mudaram de clube. Eu e um colega decidimos mudar para o Sporting, onde um primo meu já treinava.
— O ano passado ficou marcado pela obtenção de vários recordes nacionais de juniores. A que se deve essa evolução e para quando o primeiro recorde absoluto?
— Principalmente ao treino. Aos anos a que estou a treinar e o objectivo é continuar a evoluir de uma forma ainda mais acentuada quando for sénior. É para isso que trabalho. O primeiro recorde absoluto será já este ano, espero eu, aos 100 metros costas.
— Como tem sido a sua evolução como nadador?
— Quando era cadete, estava no topo, mas depois, em infantil, cai um pouco. Talvez porque as outras crianças cresceram mais do que eu, que continuei magrinho e pequenino… Nessa altura via os outros nadadores passarem por mim. Mas depois, em juvenil de 2.º ano e júnior, voltei a evoluir bastante.
— Quais os objectivos a curto e a longo prazo?
— Este ano, no Europeu de juniores, espero ir a várias finais e já sonho com uma medalha. Sei que é difícil, mas sonhar não mata ninguém. A longo prazo tenho como objectivo estar nos Jogos Olímpicos.
— Como está a ser a adaptação aos fatos que agora são permitidos?
— Os fatos de poliuretano tinham maior efeito nos nadadores com mais massa muscular e mais fortes. No meu caso, embora ajudasse a uma melhoria do desempenho, porque ajudava todos os nadadores, era das pessoas que tirava menos proveito. Por isso, não me preocupo muito com a proibição dos fatos de banho. Quero continuar a evoluir, com ou sem fatos. Nem me preocupo nada com isso.
— Quem é o seu nadador preferido, português e estrangeiro?
— Nadador português tenho de dizer o Diogo Carvalho, porque é o que eu gosto mais de ver nadar. Trabalho todos os dias com vontade de vir a ser igual ou melhor que ele. É o nadador que nada melhor os quatro estilos. No estrangeiro, o Phelps. Gosto de o ver nadar e ganhar.
— Quais são as qualidades que um bom nadador precisa de ter?
— Tem de ser muito trabalhador, muito concentrado naquilo que faz, e ter espírito de sacrifício.
— É fácil conciliar a natação com os estudos?
— Mais ou menos. Não sou um grande aluno, mas dentro dos possíveis vou passando de ano. Estou no 12.º ano e no próximo ano espero entrar para a Faculdade de Motricidade Humana.
— Quantas horas treina por dia?
— Da parte da tarde treino três horas e meia, a fazer treino de ginásio e na água. De manhã, alguns dias treino uma hora e meia, normalmente à 3.ª e à 5.ª feira.
— Em que aspectos ainda pode melhorar?
— Em tudo. Acho que posso melhorar no treino, na concentração para a prova, na visualização da prova, em tudo.
— O que falta à natação portuguesa para discutir medalhas?
— Tenho discutido isso com muita gente e não sei. Vejo nadadores, como Diogo Carvalho, por exemplo, a treinar tanto… Talvez lá fora se dediquem mais ao desporto e deixem para segundo plano estudos. Em Portugal isso é quase impossível de fazer, a não ser que se queira estragar uma vida. Até largava a escola, mas sei que não o posso fazer. Lá fora dedicam-se quase a cem por cento à modalidade. Nunca seremos potência como os EUA, mas estamos no bom caminho.
— Qual o momento mais marcante que já viveu na natação?
— Já tive momentos marcantes, mas o mais intenso foi no ano passado no Europeu de juniores, quando nas eliminatórias batemos o recorde nacional de juniores nos 4x100 m estilos e ficámos a menos de um segundo do máximo absoluto. Fomos à final com o 5.º tempo e foi no último dia de prova. Conseguimos cumprir os objectivos do Europeu.

Elogios de Cruchinho e Laurentino
O treinador de Alexis Santos considera que o jovem tem todas as características para vir a ser nadador de top. Carlos Cruchinho salienta que «em termos morfológicos é alto e magro, tem o morfo-tipo adequado. Tem boas características fisiológicas. É nadador que treina de forma irrepreensível e é fanático da natação, vive a natação. Tem muito bom espírito de grupo. Tem todas as características para ser bom nadador, falta-lhe ainda eventualmente ultrapassar aquelas fases que ainda não apareceram, as fases de alguma estagnação. Ele tem melhorado sempre e de forma significativa. Quando chegar à altura, a parte psicológica terá de ser bastante forte e também me parece que ele tem boa cabeça para isso».
Para o técnico, Alexis «ainda pode evoluir muito. Ele evoluiu de forma fantástica nas três últimas épocas, principalmente na época passada e na actual. Em piscina curta até evoluiu mais do que pensávamos para já».
Alexis e Nuno Laurentino são parecidos fisicamente e dedicam-se às mesmas provas. O leão tem como objectivo bater os recordes do algesino na especialidade de costas e acredita que o primeiro será na distância de 100 m, na qual está a menos de um segundo (57.17 para 56.56). Laurentino opina: «É o maior candidato a cilindrar os meus recordes nacionais. Tem condições, em termos morfológicos, e de postura em prova, para vir a ser meu sucessor.»


Texto Jornal A Bola (http://www.abola.pt/index.aspx).

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